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Arquitetos: Mendaro Arquitectos
- Área: 11815 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Élena Marini Silvestri
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Fabricantes: Atlas Schindler, Cemex, EUN Group, Panel Rey
Descrição enviada pela equipe de projeto. O principal motivo do processo de construção deste edifício foi a absoluta necessidade urgente de preservar toda a riqueza documental de Oaxaca, que estava espalhada em muitos lugares e à beira da destruição.
O parque "Las Canteras", como é conhecido pelo povo de Oaxaca, é sem dúvida, o lugar ideal para se construir a Cidade dos Arquivos. É uma área altamente simbólica, porque a maioria das pedras utilizadas para construir a cidade de Antequera, como era conhecida a cidade de Oaxaca sob o domínio espanhol, eram verdes. Por este motivo, foi dada à cidade orgulhosamente à o nome de "Verde" ou "Antequera Verde". Este fato agrega valor ao local do projeto e torna o desafio arquitetônico ainda mais transcendente. O prédio, que nasce no meio do Parque, gera um impulso que tende a transformar o seu entorno (12 hectares) e promover estímulos nesta área como um todo, localizada nos arredores da cidade de Oaxaca.
O projeto urbano e ambiental aproveita a excelente localização do Parque, meios de transporte acessíveis e outros serviços urbanos, além de duas características elementares que darão sentido a essa nova visão: áreas verdes e lagos com grandes potencialidades ambientais e áreas recreativas intensamente utilizadas pela população.
A principal função do edifício do Arquivo é preservar e proteger a coleção documental; portanto, o processo de manutenção destes arquivos, de alguma maneira, se refletirá na orientação do projeto arquitetônico. Para que qualquer documento chegue à coleção, deve passar primeiramente por um controle complexo. Estes devem ser analisados, selecionados, organizados e catalogados após a devida restauração. Todas essas tarefas específicas e suas relativas necessidades devem ser acolhidas pelo edifício. Além disso, o projeto também deve incluir um espaço de consulta para que os alunos possam fazer pesquisas nas coleções; e para recebê-los de forma adequada, um corredor especial para os pesquisadores teve que ser projetado.
A topografia do terreno exigiu diferentes alturas, de modo que as áreas estão distribuídas em quatro níveis. O primeiro pavimento foi concebido como um espaço público de atividades e também para acessar às coleções documentais; os níveis superiores foram destinados às atividades mais específicas e particulares do arquivo. Mais internamente ao edifício, os conjuntos de documentos ocupam a maior superfície.
Usuários e visitantes do Arquivo, assim como a beleza natural do parque, devem se relacionar com harmonia, dentro e fora dos edifícios. Assim, as vias públicas, que levam ao auditório, salas de aula, bibliotecas, salas de exposições e cafeteria, devem criar uma rede dentro do edifício sem interferir nas tarefas práticas do arquivo e no desenvolvimento de suas atividades.
Os volumes que compõem o conjunto de edifícios foram distribuídos respeitando as árvores existentes, gerando um conjunto de edifícios conectados entre si por pátios e corredores internos. Estes espaços abetos estão espalhados no projeto, permitindo além da ventilação cruzada, capturar uma quantidade significativa de água da chuva, alimentando a rede de água para reabastecer as piscinas existentes no Parque. Os dois acessos do edifício, com uma diferença de nível de quatro metros, representam o início e o fim de um percurso. A intenção desses dois níveis de acesso encaixados no terreno, é que o edifício esteja intimamente conectado ao Parque e que, de fato, possa proporcionar mais um dos muitos percursos de pedestres que já atravessam o Parque.
Os edifícios são construídos com lisas paredes de concreto pintadas de ocre, aludindo à cor da terra da região Mixteca. A arquitetura Oaxaqueña nos ensina sobre a importância das paredes, da luz e do seu jogo de sombras e como o claro-escuro se revelam nos volumes e na sequência dos pátios. É uma arquitetura sábia que funde o clima, sol e vegetação, permitindo que as transparências e as correntes de ar ganhem vida, e isso se mostra magistralmente notável neste projeto de arquitetura contemporânea.